De janeiro a junho de 2022, a Amazônia teve o pior índice de desmatamento do primeiro semestre em 15 anos. Foram devastados 4.789 km² de florestas, o que representa cerca de 20% a mais do que no mesmo período do ano passado. Somente no mês de junho, Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram 77% de toda a área desmatada dentre os nove estados que compõem a Amazônia Legal. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta segunda-feira (18).
O Pará foi o estado que teve a maior área destruída em junho, como aponta o Imazon: 497 km². Isso representa um aumento de 48% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram registrados 336 km² de devastação. Em relação aos municípios paraenses, Altamira foi o que mais desmatou na Amazônia em junho (102 km²), seguido de São Félix do Xingu (69 km²) e Itaituba (64 km²).
De cada quatro hectares desmatados no Brasil em 2021, um foi no Pará, onde o desmate alcançou 402.492 ha (24,3% do total), segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), da MapBiomas, também lançado nesta segunda. O outro estudo confirma a mesma tendência dos que lideram a área desmatada da Amazônia, como apontou o Imazon.
O Amazonas, que era o quarto no ranking em 2020, apareceu agora em segundo lugar, com 194.485 ha desmatados, que representam 11,8% do total. O Mato Grosso apareceu em terceiro, com perda de 189.880 ha (11,5%), seguido do Maranhão, com 167.047 ha (10,1%), e Bahia, com 152.098 (9,2%). Juntos, esses 5 estados responderam por 67% da área desmatada no Brasil em 2021.
A TI Apyterewa foi alvo de invasões de supostos grileiros em maio. Esse território concentrou 52% de todo o desmatamento ocorrido nas terras indígenas da Amazônia em junho. Foram devastados 14 km² no mês, o que corresponde a 1,4 mil campos de futebol.
Pela avaliação do Imazon, a tendência para os últimos seis meses do ano é de que a destruição siga em ritmo acelerado por três motivos principais. O primeiro é a continuidade do período seco na região até outubro, o chamado “verão amazônico”, quando a ação de derrubada da floresta se torna mais fácil do que nos meses da estação chuvosa.
O segundo é a realização das eleições, quando, historicamente, as fiscalizações federais, estaduais ou municipais costumam diminuir, como afirma o Imazon. E o terceiro é a falta de sinalização dos órgãos ambientais de que haverá ações mais duras de combate ao desmatamento neste segundo semestre.
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) disse que, de acordo com dados oficiais do INPE, o desmatamento caiu 18% no Pará entre 2021 e 2022. "Os números são do estudo público mais completo disponível, que é o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). A repressão aos crimes ambientais no Pará tem influência direta na queda dos índices de desmatamento ilegal. Desde junho de 2020, foram 23 edições da Operação Amazônia Viva, que embargou mais de 294 mil hectares de terras onde eram realizadas atividades ilegais. Lembramos que 70% de áreas do Pará são de jurisdição Federal e 30% de responsabilidade do Estado", detalhou a nota.
A Redação Integrada de O Liberal demandou e ainda não conseguiu retorno das prefeituras de Altamira e Itaituba. A reportagem ainda não conseguiu contato com a Prefeitura de São Félix do Xingu.
Fonte: Victor Furtado/OLiberal