O Pará registrou saldo positivo de mais de 70 mil postos de trabalho em 2021, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No total, foram contratadas 405,9 mil pessoas no ano passado, enquanto 334,7 mil foram demitidas, o que gerou um resultado positivo para o Estado, com variação de 9,42%.
O setor que mais se destacou foi o comércio, com saldo de pouco mais de 22 mil empregos, diferença entre os 112,8 mil admitidos e 90,8 mil desligados no período. Na avaliação do presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Clóvis Carneiro, o cenário realmente foi positivo no ano passado no que diz respeito à geração de empregos, especialmente até o terceiro trimestre, ou seja, final de setembro. Depois disso, ele diz que houve uma retração na economia, por conta do surgimento da nova variante da covid-19.
“Até então a economia teve uma boa recuperação. Com mais vendas, mais vagas de emprego foram geradas e mais pessoas contratadas. Porém, o final do ano não foi como esperado, as datas não foram tão movimentadas, como Black Friday e Natal, então devemos ter um recuo dos dados em janeiro”, adianta. Em 2022 como um todo, o comércio, que geralmente está entre os setores que mais empregam, deve continuar com uma tendência de alta, especialmente por causa do ano eleitoral, afirma Clóvis. Segundo o presidente da ACP, é nesse período que os governos mais fazem investimentos, o que também deve movimentar o setor comercial no Pará.
Em seguida, aparecem os setores de serviços, com saldo de 21,5 mil postos de trabalho, sendo 145,6 mil contratações e 124 mil demissões; construção, com 13,2 mil empregos no saldo, uma diferença entre 75,2 mil contratados e 62 mil demitidos; indústria, que teve saldo de 9,2 mil postos, resultado de 49,9 mil admissões e 40,7 mil desligamentos; e agropecuária, com 5,1 mil empregos no saldo, sendo que foram 22,2 contratações e 17,1 mil demissões no setor.
Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Pará (CTB-PA), Cleber Rezende, diz que um dos fatores que contribuíram para o saldo positivo foi a política de transferência de renda dos governos, que impulsionaram a economia do Estado e da capital paraense; além do avanço da vacinação da população brasileira, possibilitando a retomada de algumas atividades que estavam com maiores dificuldades de funcionamento, o que gerou empregos e distribuiu renda.
“No entanto, ainda são mais de 500 mil desempregados no Pará, e a qualidade dos empregos gerados é baixa, com pouca estabilidade, forte informalidade, rotatividade e baixo valor remuneratório aos trabalhadores e trabalhadoras paraenses, o que requer uma política de Estado voltada a garantir geração de empregos e distribuição de renda com qualidade social, valor agregado e estabilidade. Portanto, ainda não é possível considerar o ano 2021 bom para os profissionais, mesmo sendo um ano importante para o início da retomada das contratações no Pará”, avalia.
Cleber critica a reforma trabalhista de 2017, que prometia gerar empregos e valorização profissional e, na prática, trabalhadores assalariados ficaram desvalorizados e com mais instabilidade, além do crescimento das subocupações, trabalhos intermitentes e contratos fragilizados – em resumo, a precarização do mundo do trabalho, diz ele. A desindustrialização brasileira, a falta de fomento e de investimentos em ciência e tecnologia, a negação da ciência e da saúde no combate dos efeitos da pandemia também agravaram a vida da classe trabalhadora, afirma Cleber.
Para o presidente da CTB-PA, as mudanças no panorama atual perpassa por uma política nacional de valorização do salário-mínimo, de controle de preços da cesta básica de alimentos, dos combustíveis, da carne, da energia elétrica, do gás de cozinha, com a elevação do poder aquisitivo dos assalariados, o combate à informalidade, aos empregos precarizados, mais garantia de direitos trabalhistas, combate ao desemprego e a pobreza, ou seja, uma política de geração de empregos com investimentos públicos e privados em setores estratégicos como a construção civil, capaz de gerar empregos imediatos, qualificação profissional da mão de obra, entre outras políticas indutoras do desenvolvimento nacional.
Total
Admitidos: 405.983
Demitidos: 334.731
Saldo: 71.252
Variação: 9,42%
Comércio
Admitidos: 112.891
Demitidos: 90.800
Saldo: 22.091
Variação: 10,45%
Serviços
Admitidos: 145.608
Demitidos: 124.093
Saldo: 21.515
Variação: 6,89%
Construção
Admitidos: 75.284
Demitidos: 62.020
Saldo: 13.264
Variação: 19,06%
Indústria
Admitidos: 49.956
Demitidos: 40.709
Saldo: 9.247
Variação: 8,39%
Agropecuária
Admitidos: 22.244
Demitidos: 17.109
Saldo: 5.135
Variação: 9,74%
Fonte: Caged/Elisa Vaz/OLiberal