Um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), mostra que o setor do comércio vem apresentando melhora significativa no que diz respeito à geração de empregos formais, após a desaceleração provocada pela pandemia do novo coronavírus. Depois de amargar queda no registro de contratações com carteira assinada durante os meses de março, abril, maio e junho, o comércio registrou um saldo de mais de mil empregos em julho, impulsionados pela reabertura e proximidade com épocas de maior consumo, como férias e dia das crianças.
Durante o mês de julho, foram admitidas 5.876 pessoas, contra 4.497 demissões, gerando um saldo positivo de 1.261. O número é ainda maior se comparado ao mesmo período do ano passado. Na avaliação do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), o panorama é semelhante ao que ocorre todos os anos, com a diferença de que, antes, não havia uma pandemia para colocar em risco a ordem natural do comércio.
“Historicamente o comércio demite mais do que admite no começo do ano. Nessa conta entra o mês de janeiro e a quantidade de demissões dos temporários que foram contratados no último trimestre anterior e demitidos no início do ano seguinte. Em 2020 temos um agravante, que é a pandemia. Isso pode ser muito bem exemplificado nos quatro últimos meses do semestre, onde houve uma perda de quase oito mil postos de trabalho”, afirma Joy Colares, presidente do Sindilojas.
Antes disso, aponta Joy, o setor amargou prejuízos incalculáveis, que reverberaram no fechamento de muitas empresas, mesmo com as medidas do governo para evitar que os postos de trabalho entrassem em retração. De março a junho, foram registradas baixas em 1.370, 3.560, 2.292 e 681 carteiras de trabalho, respectivamente. “Até porque o governo permitiu a recontratação dos funcionários demitidos durante a pandemia, sem que isso fosse caracterizado como fraude”, explica, em relação a lei 14.020, de 6 de julho de 2020, que prorroga os prazos para celebrar os acordos de redução proporcional de jornada e de salário e de suspensão temporária do contrato de trabalho e para efetuar o pagamento dos benefícios emergenciais.
Conforme o histórico de admissões e demissões no setor varejista, o sindicalista acredita que ao passar dos meses, o número de carteiras assinadas deve aumentar, inclusive com muitas novidades. “Depois do lockdown, o comércio foi voltando, então houveram as recontratações. Inclusive, muitos negócios têm surgido nesse período pós-pandemia. A partir do último trimestre virão algumas datas significativas para o setor. Temos o Dia das Crianças, Black Friday e o Natal. O segmento do varejo contrata nesse período então acreditamos bastante que os temporários serão contratados e a gente recupere boa parte dos empregos perdidos”, conclui.
COMÉRCIO
A possibilidade de contratação tem agradado os lojistas. O gerente comercial João Santana, 28 anos, diz que a loja de flores, decoração e artes na qual trabalha tem comemorado as boas vendas e a convocação de novos funcionários. “Nesse período, por conta da demanda alta, contratamos três novos funcionários e queremos chamar mais. Sempre, a partir de agosto melhora, inclusive aumentamos a nossa produção para dar conta dos clientes”, garante.
Quem aproveitou a oportunidade foi o João Victor, 18, que está novamente no mercado de trabalho depois de um ano e meio desempregado. “Está sendo ótimo. Eu tinha dois empregos, mas não eram fixos, agora não. Eu tive certa dificuldade para me adaptar, mas consegui ajustar tudo e agora estou aproveitando bem a oportunidade”. Aos 18 anos, com filho pequeno e esposa, ele deseja ter condições de construir um novo episódio na sua vida. “Eu vou casar, construir minha casa e minha família, então esse emprego veio na hora certa”, resume.
Fonte: Luiz Guilherme Ramos/DOL